O corpo pede por descanso, a mente não permite. As palavras correm desenfreadas; os pensamentos atropelam-se atravessando um caminho estranho e sem rumo certo. Vão-se atabalhoadamente colando uns aos outros, atropelando-se com uma pressa que se assemelha a um medo. O corpo pede descanso mas, a mente, parece um salão de baile onde o burburinho das vozes se mistura com a música que toca e o som arrastado dos saltos que deslizam descrevendo autênticas espirais invisíveis aos olhos. As pálpebras pesam, mas não o suficiente para se deixarem levar pelo sono que espreita malévolo e não se instala. Desisto e levanto-me, de nada serve continuar uma luta desigual. Enquanto espero a serenidade de uma noite de sono retemperadora, dou trabalho aos dedos e escrevo, escrevo, escrevo com a esperança de me cansar e perder a inquietude que me assola e não me deixa dormir. Desisto, baixo os braços e largo tudo - aparecem-me palavras inusitadas, francamente boas, algumas já nem me lembrava delas, encadeio umas nas outras e vai fluindo um diálogo comigo mesma. Aparecem-me memórias, recordações, momentos vividos que me alimentam o interior e me fazem seguir em frente. Aparecem-me gentes, algumas que amo profundamente, outras nem tanto - percebo que de todas um pouco ficou em mim... Como numa entrega fantástica deixo que as sensações e as emoções e as palavras saiam de mim recheadas de calma e paz. Levantei-me sim, baixei os braços é verdade, mas, mesmo que o sono não venha valeu a pena pelo que descubro dentro de mim quando menos espero. É fabuloso viver, descobrir, sentir e... escrever!
Telma Correia FariaBrincar com as palavras, atá-las umas às outras e deixar o coração falar! Arquivo
February 2015
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