Era uma vez um país encantado, muito pequenino, com a forma de um coração que parecia ter sido plantado no centro do planeta terra.
Ninguém sabia explicar a sua forma e contavam as lendas dos antigos, que se devia ao amor que os pioneiros tinham levado para lá quando tomaram aquele pedacinho de terra.
Uma terra com muita luz, muito verde, extensões grandes de areia e banhado pelo mar ora azul, ora verde!
As areias que preenchiam uma parte da sua costa, eram todas elas diferentes umas das outras; umas mais escuras e outras mais claras, algumas grossas e outras tão finas que escorriam por entre os dedos das mãos que as queriam agarrar, escorregando gentilmente e deixando uma sensação agradável e macia; outras ainda, cobertas de pequenas conchinhas que eram trazidas pelas sereias que, curiosas, gostavam de vir à noite espreitar os habitantes daquela terra encantada.
De dia, quando o sol brindava o mundo com o seu nascimento e ia aquecendo o ar em revoadas de luz dourada, as pessoas aproveitavam para celebrar a sua vinda deitando-se nas areias ou, simplesmente, caminhando sobre elas afundando os pés descalços na sua maciez.
Deixavam assim as suas pegadas marcadas, até que o mar, sempre brincalhão viesse apagá-las como se brincasse às escondidas. Logo a areia voltava a ficar lisinha e agradecida pelos momentos refrescantes do ir e vir da água fresca do grandioso mar.
Era um espectáculo a que os habitantes já estavam acostumados e gostavam de assistir com um sorriso de contentamento.
Por vezes, o mar vinha calmo e como que para descansar do esforço que fazia ao passar pelas correntes, estirava-se sobre a areia em revoadas certinhas como o compasso da música que tocava. Mas, também acontecia, ter acordado mal disposto e então, levantava-se em enormes ondas de fúria que afugentavam as pessoas. O barulho que fazia era tal, que parecia uma batalha feroz entre os seres do mar, sereias, peixes, conchas, búzios e tantos mais.
À tardinha, quando o sol começava a despedir-se do dia, ele acalmava e reflectia em si as cores avermelhadas que o sol lançava em sinal de adeus até desaparecer.
E, nesta terra tão encantada e mágica, uma família já tinha vivido tempos muito felizes e também de muitas lágrimas. Agora, neste tempo, viviam-se momentos mais calmos com as lágrimas bem aconchegadinhas nos corações.
Por lá, o céu estava sempre estrelado e no escuro das noites era hábito aparecer uma estrela guia que brilhava mais do que todas as outras, em séries de chuvas de luz que obrigavam os olhos a piscar para poder sentir com mais intensidade a sua força, a sua energia, o seu brilho e a sua vida.
Esta estrela era especial, única e só as três fadas que habitavam esta terra, a viam e sentiam.
Ela aparecia nos céus, noite após noite, alojava-se nos seus corações e ali permanecia acalentando os seus dias. As noites neste lugar eram sempre mágicas e cheias de fantasia!
A lua com toda a sua imponência de rainha dos céus, não conseguia tirar o protagonismo com que a estrela se passeava em seu redor. Ela bem tentava! Aparecia aqui… desaparecia acolá… escondia-se atrás das nuvens… ora estava cheia, ora parecia um sorriso… Mas todas as suas tentativas eram escusadas! A estrela dominava os céus apesar de ser, tão-somente um minúsculo pontinho de luz no firmamento. Por vezes, como que a brincar, colocava-se bem ao lado da lua que, mesmo com a sua proximidade, não conseguia ser tão forte, tão brilhante e bela quanto a estrela de quem as fadas não conseguiam afastar nem o olhar, nem tão pouco o coração.
Durante o dia, o céu era dominado pelo sol, que majestoso e dourado, o aquecia com o seu calor. Quando o sol se tornava rei e senhor de todo o céu, as três fadas aproveitavam para utilizar os dons que tinham recebido, por uma bênção nos seus nascimentos.
Eram todas diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Iguais na sua forma de amar aquela estrela que brilhava para elas.
A mais velha das três, aproveitava os dias, para construir peças estranhas, na maior parte das vezes aproveitando o que as pessoas desperdiçavam, ou o que o mar na sua revolta trazia até à areia.
Passava grande parte do seu tempo a recolher… Um pequeno tronco aqui, um vidrinho ali, uma pedrinha acolá, mais longe uma conchinha…
E surgiam na sua cabeça, ideias espantosas de juntar esses pequenos tesouros encontrados acabando por construir objectos que os habitantes gostavam de usar para enfeitar as suas casas.
Sem que ela soubesse, a estrela, do firmamento onde se encontrava dava-lhe a força necessária e a vontade e imaginação para o dia seguinte.
E, assim, voltava a criar mais uma peça original e diferente a cada dia que passava. De facto, mal o sol raiava, lá ia ela por entre as árvores da floresta na sua procura incessante e acabava sempre por encontrar, nem que fosse um pequeno seixo diferente de todos os que já tinha guardado.
À tardinha, quando o sol começava a despedir-se do dia, em autênticas pinturas avermelhadas no céu, a pequena fada retornava a casa cheia de novos inventos na sua cabeça. Era uma fada dotada de uma imaginação muito fértil e uma grande vontade.
Esta fada das “construções” dava pelo nome de: Inês – I de Imaginação pois essa era a razão do seu nome.
Todas as fadas do país encantado tinham nomes pequeninos, escolhidos por amor, e curtos para que não tivessem dificuldade em pronunciá-los.
A segunda fada, tinha um poder especial para conquistar os animais e a natureza. Era dotada de um profundo amor por eles. Perdia-se em passeios nos bosques, espreitando com atenção, conseguindo ver os bichinhos encantados que em pequenas corridas se escondiam do seu olhar curioso.
As árvores centenárias, com toda a sua sabedoria ensinavam as ervas, as flores e tudo o mais, a crescer mais depressa; davam a sombra necessária quando o sol se entusiasmava e alimentavam os habitantes com os seus frutos suculentos que tinham amadurecido no seu abraço gentil.
Quando chegava a estação do ano em que tudo mudava de cor, deixavam cair as suas folhas para assim cobrir o chão com tapetes coloridos de amarelo e castanho, onde a pequena fada se estendia para assistir ao milagre da natureza sempre viva.
Nunca paravam de crescer porque estavam sempre a espreguiçar os seus troncos umas de encontro às outras em leves carícias. Nos seus troncos grossos, animais construíam as suas tocas e nos mais altos e próximos do céu, os passarinhos faziam muito cuidadosamente os seus ninhos. Ali punham os seus ovos e de papo inchado de orgulho anunciavam com a sua melodia, o nascimento dos seus filhotes.
E, se por acaso um animal se perdesse, todos os habitantes chamavam pela fada, porque por mais feroz que ele fosse, só ela com os seus longos dedos e a sua voz doce, os acalmava com pequenas festas e palavras sem fim, faladas de igual para igual.
Para esta fada não havia animais feios ou bonitos – só havia os queridos e esses, eram… todos! Não os podia ver sem tecto nem comida que logo os levava para casa.
E, se não tivesse onde os guardar, com eles partilhava a sua caminha de fada, fofinha, cheirosa e macia e agarrada a eles dormia, numa troca de amor, alento e protecção.
Sempre que surgia na floresta um animal abandonado e a precisar de calor humano, ela olhava para a sua mãe com súplica estampada no rosto e esta, na maioria das vezes, limitava-se a baixar os olhos numa anuência silenciosa… Assim, lá ia mais um bicho para casa!
Todas as noites olhava o céu à procura daquela estrela especial e sussurrava para si: - Estrela guia, amanhã faz com que eu encontre os bichos que estiverem abandonados e dá-me o que necessito para poder protegê-los. Dá-me também força e não apagues a tua imagem do meu coração. Nestes seus pedidos quase sempre se esquecia que a vida era bem mais do que os seus adorados animais e então era preciso a mãe agarrá-la e trazê-la de volta à realidade que se vivia e que exigia força de vontade, força de querer, força de vencer.
Esta fada dos “animais” dava pelo nome de: Rita – A primeira letra do seu nome vinha da rebeldia que mostrou desde o seu primeiro momento de vida.
Finalmente, havia mais uma fada, a terceira, cujo nascimento foi recebido como se de um milagre se tratasse. Neste lugar encantado, era a fada mais pequenina de todas. Dotada de uns belos e expressivos olhos verdes como a água do mar revolto. Foi crescendo sempre de olhos postos nas suas irmãs mais velhas e com o passar do tempo, revoltava-se de vez em quando, dizendo: Oh… O tempo demora tanto a passar… Faz com que rapidamente eu seja “velha” como as manas… Gostava de se cobrir com as roupas das irmãs mais velhas, e queria ser grande a todo o custo!
Das três fadas, era a que mais vezes falava daquela estrela que todas as noites aparecia no céu e na luz que dela emanava, dizendo por vezes com a dor estampada no seu rosto: - Mãe, hoje a estrela está tão brilhante… Mais do que nos outros dias!
A sua paixão era passar grande parte do seu tempo a fazer acrobacias. Ora estava quietinha, ora desenhava círculos maravilhosos com as suas longas pernas e os véus esvoaçantes com que se vestia criando autênticos bailados. Quem a olhava, ficava boquiaberta com os “malabarismos” que era capaz de fazer com o seu corpo esguio de gazela.
A pequena fadinha de olhos verdes e profundos, chamava-se: Ana – E o A do seu nome exprimia bem o seu interior! A de amorosa e de acrobata também!
A era muito distraída e por vezes esquecia-se que a vida não era só brincadeira e tropelias… Corria, saltava, pulava e… Crescia!
Crescia muito e rápido, embora ela própria não desse por isso e continuasse a ambicionar ser tão “velha” quanto as irmãs. Olhava sempre a estrela com uma lágrima que deixava rolar e pedia com muito coração: - Estrela guia, dá-me força para continuar a crescer; para todos os dias encontrar uma nova acrobacia. Não te esqueças de fazer de mim alguém como as manas, com a sua beleza, sabedoria e … idade, porque já estou cansada de ser olhada como a mais pequenina das fadas.
A mãe, olhava para as suas três fadas e plena de orgulho, não se esquecia de olhar a estrela nos seus momentos de solidão a quem dizia: - Estrela que comigo fizeste estas nossas três fadinhas, continua a olhar por elas e a dar-lhes a força necessária para viverem em paz neste nosso cantinho encantado; jamais deixes de brilhar, no céu onde te encontras e por onde te procuramos com os olhos e com o coração; lança o teu brilho, noite após noite, sem cessar e sem nunca te cansares, de forma a dar-lhes o que elas precisam para que encontrem um futuro brilhante à sua espera, para que se sintam em paz consigo mesmas e que o amor nunca se esconda delas. A mim, dá-me a tranquilidade que preciso para me manter espectadora do seu crescimento; dá-me a atenção necessária para poder ajudar nas contrariedades que possam sofrer; enche-me da inspiração mais profunda de todas, para conseguir continuar a ler os seus corações sem que para isso seja preciso elas falarem; o melhor de tudo plantaste em mim, ajudaste a pôr no mundo e deixaste-me como legado. Cuidarei delas para todo o sempre oferecendo-lhes o calor do meu abraço, o conforto do meu amor e a sabedoria das minhas palavras que ganhei através dos anos que por mim já passaram.
E assim, naquele lugar encantado, a estrela continuava a brilhar, noite após noite, sempre de sentinela aquelas três lindas fadinhas que tinha deixado na terra. Durante o dia, escondia-se atrás do sol assistindo de longe, ao que elas eram capazes de fazer com o poder que lhes tinha dado no dia do seu nascimento! Um poder tão fortemente inabalável e tão duro – A Vida!
Dedicatória: A vocês, fadas que habitam permanentemente no meu coração e na minha alma, dedico esta pequena história inventada, baseada em vocês mesmas. Sintam pelo resto da vossa vida as mãos do vosso pai que vos carregou um dia, orgulhosamente e que, de alguma maneira mostra que é assim que, por toda a eternidade onde se encontra, continuará a carregar. Um dia terão uma história para contar aos vossos filhos, a vossa história de amor, do amor que vos gerou.
O amor que nos preenche o coração, deve também ocupar os lugares vazios deixados por quem amamos e já não temos fisicamente. Esses estarão sempre na nossa alma e coração. Estarão para sempre nos nossos pensamentos.
É importante seguir na estrada da vida, em paz e harmonia com o mundo que nos rodeia, seja ele encantado ou não. Cabe-nos a nós o feitiço, de todos os dias fazer magia, com o que a vida nos proporciona e torná-la melhor dia após dia.
E, os que perdemos no nosso percurso, em estrelas se transformarão e estarão sempre colados no firmamento que vemos das nossas janelas, guardando as memórias e recordações em lugares muito especiais de nós mesmos!
Ninguém sabia explicar a sua forma e contavam as lendas dos antigos, que se devia ao amor que os pioneiros tinham levado para lá quando tomaram aquele pedacinho de terra.
Uma terra com muita luz, muito verde, extensões grandes de areia e banhado pelo mar ora azul, ora verde!
As areias que preenchiam uma parte da sua costa, eram todas elas diferentes umas das outras; umas mais escuras e outras mais claras, algumas grossas e outras tão finas que escorriam por entre os dedos das mãos que as queriam agarrar, escorregando gentilmente e deixando uma sensação agradável e macia; outras ainda, cobertas de pequenas conchinhas que eram trazidas pelas sereias que, curiosas, gostavam de vir à noite espreitar os habitantes daquela terra encantada.
De dia, quando o sol brindava o mundo com o seu nascimento e ia aquecendo o ar em revoadas de luz dourada, as pessoas aproveitavam para celebrar a sua vinda deitando-se nas areias ou, simplesmente, caminhando sobre elas afundando os pés descalços na sua maciez.
Deixavam assim as suas pegadas marcadas, até que o mar, sempre brincalhão viesse apagá-las como se brincasse às escondidas. Logo a areia voltava a ficar lisinha e agradecida pelos momentos refrescantes do ir e vir da água fresca do grandioso mar.
Era um espectáculo a que os habitantes já estavam acostumados e gostavam de assistir com um sorriso de contentamento.
Por vezes, o mar vinha calmo e como que para descansar do esforço que fazia ao passar pelas correntes, estirava-se sobre a areia em revoadas certinhas como o compasso da música que tocava. Mas, também acontecia, ter acordado mal disposto e então, levantava-se em enormes ondas de fúria que afugentavam as pessoas. O barulho que fazia era tal, que parecia uma batalha feroz entre os seres do mar, sereias, peixes, conchas, búzios e tantos mais.
À tardinha, quando o sol começava a despedir-se do dia, ele acalmava e reflectia em si as cores avermelhadas que o sol lançava em sinal de adeus até desaparecer.
E, nesta terra tão encantada e mágica, uma família já tinha vivido tempos muito felizes e também de muitas lágrimas. Agora, neste tempo, viviam-se momentos mais calmos com as lágrimas bem aconchegadinhas nos corações.
Por lá, o céu estava sempre estrelado e no escuro das noites era hábito aparecer uma estrela guia que brilhava mais do que todas as outras, em séries de chuvas de luz que obrigavam os olhos a piscar para poder sentir com mais intensidade a sua força, a sua energia, o seu brilho e a sua vida.
Esta estrela era especial, única e só as três fadas que habitavam esta terra, a viam e sentiam.
Ela aparecia nos céus, noite após noite, alojava-se nos seus corações e ali permanecia acalentando os seus dias. As noites neste lugar eram sempre mágicas e cheias de fantasia!
A lua com toda a sua imponência de rainha dos céus, não conseguia tirar o protagonismo com que a estrela se passeava em seu redor. Ela bem tentava! Aparecia aqui… desaparecia acolá… escondia-se atrás das nuvens… ora estava cheia, ora parecia um sorriso… Mas todas as suas tentativas eram escusadas! A estrela dominava os céus apesar de ser, tão-somente um minúsculo pontinho de luz no firmamento. Por vezes, como que a brincar, colocava-se bem ao lado da lua que, mesmo com a sua proximidade, não conseguia ser tão forte, tão brilhante e bela quanto a estrela de quem as fadas não conseguiam afastar nem o olhar, nem tão pouco o coração.
Durante o dia, o céu era dominado pelo sol, que majestoso e dourado, o aquecia com o seu calor. Quando o sol se tornava rei e senhor de todo o céu, as três fadas aproveitavam para utilizar os dons que tinham recebido, por uma bênção nos seus nascimentos.
Eram todas diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Iguais na sua forma de amar aquela estrela que brilhava para elas.
A mais velha das três, aproveitava os dias, para construir peças estranhas, na maior parte das vezes aproveitando o que as pessoas desperdiçavam, ou o que o mar na sua revolta trazia até à areia.
Passava grande parte do seu tempo a recolher… Um pequeno tronco aqui, um vidrinho ali, uma pedrinha acolá, mais longe uma conchinha…
E surgiam na sua cabeça, ideias espantosas de juntar esses pequenos tesouros encontrados acabando por construir objectos que os habitantes gostavam de usar para enfeitar as suas casas.
Sem que ela soubesse, a estrela, do firmamento onde se encontrava dava-lhe a força necessária e a vontade e imaginação para o dia seguinte.
E, assim, voltava a criar mais uma peça original e diferente a cada dia que passava. De facto, mal o sol raiava, lá ia ela por entre as árvores da floresta na sua procura incessante e acabava sempre por encontrar, nem que fosse um pequeno seixo diferente de todos os que já tinha guardado.
À tardinha, quando o sol começava a despedir-se do dia, em autênticas pinturas avermelhadas no céu, a pequena fada retornava a casa cheia de novos inventos na sua cabeça. Era uma fada dotada de uma imaginação muito fértil e uma grande vontade.
Esta fada das “construções” dava pelo nome de: Inês – I de Imaginação pois essa era a razão do seu nome.
Todas as fadas do país encantado tinham nomes pequeninos, escolhidos por amor, e curtos para que não tivessem dificuldade em pronunciá-los.
A segunda fada, tinha um poder especial para conquistar os animais e a natureza. Era dotada de um profundo amor por eles. Perdia-se em passeios nos bosques, espreitando com atenção, conseguindo ver os bichinhos encantados que em pequenas corridas se escondiam do seu olhar curioso.
As árvores centenárias, com toda a sua sabedoria ensinavam as ervas, as flores e tudo o mais, a crescer mais depressa; davam a sombra necessária quando o sol se entusiasmava e alimentavam os habitantes com os seus frutos suculentos que tinham amadurecido no seu abraço gentil.
Quando chegava a estação do ano em que tudo mudava de cor, deixavam cair as suas folhas para assim cobrir o chão com tapetes coloridos de amarelo e castanho, onde a pequena fada se estendia para assistir ao milagre da natureza sempre viva.
Nunca paravam de crescer porque estavam sempre a espreguiçar os seus troncos umas de encontro às outras em leves carícias. Nos seus troncos grossos, animais construíam as suas tocas e nos mais altos e próximos do céu, os passarinhos faziam muito cuidadosamente os seus ninhos. Ali punham os seus ovos e de papo inchado de orgulho anunciavam com a sua melodia, o nascimento dos seus filhotes.
E, se por acaso um animal se perdesse, todos os habitantes chamavam pela fada, porque por mais feroz que ele fosse, só ela com os seus longos dedos e a sua voz doce, os acalmava com pequenas festas e palavras sem fim, faladas de igual para igual.
Para esta fada não havia animais feios ou bonitos – só havia os queridos e esses, eram… todos! Não os podia ver sem tecto nem comida que logo os levava para casa.
E, se não tivesse onde os guardar, com eles partilhava a sua caminha de fada, fofinha, cheirosa e macia e agarrada a eles dormia, numa troca de amor, alento e protecção.
Sempre que surgia na floresta um animal abandonado e a precisar de calor humano, ela olhava para a sua mãe com súplica estampada no rosto e esta, na maioria das vezes, limitava-se a baixar os olhos numa anuência silenciosa… Assim, lá ia mais um bicho para casa!
Todas as noites olhava o céu à procura daquela estrela especial e sussurrava para si: - Estrela guia, amanhã faz com que eu encontre os bichos que estiverem abandonados e dá-me o que necessito para poder protegê-los. Dá-me também força e não apagues a tua imagem do meu coração. Nestes seus pedidos quase sempre se esquecia que a vida era bem mais do que os seus adorados animais e então era preciso a mãe agarrá-la e trazê-la de volta à realidade que se vivia e que exigia força de vontade, força de querer, força de vencer.
Esta fada dos “animais” dava pelo nome de: Rita – A primeira letra do seu nome vinha da rebeldia que mostrou desde o seu primeiro momento de vida.
Finalmente, havia mais uma fada, a terceira, cujo nascimento foi recebido como se de um milagre se tratasse. Neste lugar encantado, era a fada mais pequenina de todas. Dotada de uns belos e expressivos olhos verdes como a água do mar revolto. Foi crescendo sempre de olhos postos nas suas irmãs mais velhas e com o passar do tempo, revoltava-se de vez em quando, dizendo: Oh… O tempo demora tanto a passar… Faz com que rapidamente eu seja “velha” como as manas… Gostava de se cobrir com as roupas das irmãs mais velhas, e queria ser grande a todo o custo!
Das três fadas, era a que mais vezes falava daquela estrela que todas as noites aparecia no céu e na luz que dela emanava, dizendo por vezes com a dor estampada no seu rosto: - Mãe, hoje a estrela está tão brilhante… Mais do que nos outros dias!
A sua paixão era passar grande parte do seu tempo a fazer acrobacias. Ora estava quietinha, ora desenhava círculos maravilhosos com as suas longas pernas e os véus esvoaçantes com que se vestia criando autênticos bailados. Quem a olhava, ficava boquiaberta com os “malabarismos” que era capaz de fazer com o seu corpo esguio de gazela.
A pequena fadinha de olhos verdes e profundos, chamava-se: Ana – E o A do seu nome exprimia bem o seu interior! A de amorosa e de acrobata também!
A era muito distraída e por vezes esquecia-se que a vida não era só brincadeira e tropelias… Corria, saltava, pulava e… Crescia!
Crescia muito e rápido, embora ela própria não desse por isso e continuasse a ambicionar ser tão “velha” quanto as irmãs. Olhava sempre a estrela com uma lágrima que deixava rolar e pedia com muito coração: - Estrela guia, dá-me força para continuar a crescer; para todos os dias encontrar uma nova acrobacia. Não te esqueças de fazer de mim alguém como as manas, com a sua beleza, sabedoria e … idade, porque já estou cansada de ser olhada como a mais pequenina das fadas.
A mãe, olhava para as suas três fadas e plena de orgulho, não se esquecia de olhar a estrela nos seus momentos de solidão a quem dizia: - Estrela que comigo fizeste estas nossas três fadinhas, continua a olhar por elas e a dar-lhes a força necessária para viverem em paz neste nosso cantinho encantado; jamais deixes de brilhar, no céu onde te encontras e por onde te procuramos com os olhos e com o coração; lança o teu brilho, noite após noite, sem cessar e sem nunca te cansares, de forma a dar-lhes o que elas precisam para que encontrem um futuro brilhante à sua espera, para que se sintam em paz consigo mesmas e que o amor nunca se esconda delas. A mim, dá-me a tranquilidade que preciso para me manter espectadora do seu crescimento; dá-me a atenção necessária para poder ajudar nas contrariedades que possam sofrer; enche-me da inspiração mais profunda de todas, para conseguir continuar a ler os seus corações sem que para isso seja preciso elas falarem; o melhor de tudo plantaste em mim, ajudaste a pôr no mundo e deixaste-me como legado. Cuidarei delas para todo o sempre oferecendo-lhes o calor do meu abraço, o conforto do meu amor e a sabedoria das minhas palavras que ganhei através dos anos que por mim já passaram.
E assim, naquele lugar encantado, a estrela continuava a brilhar, noite após noite, sempre de sentinela aquelas três lindas fadinhas que tinha deixado na terra. Durante o dia, escondia-se atrás do sol assistindo de longe, ao que elas eram capazes de fazer com o poder que lhes tinha dado no dia do seu nascimento! Um poder tão fortemente inabalável e tão duro – A Vida!
Dedicatória: A vocês, fadas que habitam permanentemente no meu coração e na minha alma, dedico esta pequena história inventada, baseada em vocês mesmas. Sintam pelo resto da vossa vida as mãos do vosso pai que vos carregou um dia, orgulhosamente e que, de alguma maneira mostra que é assim que, por toda a eternidade onde se encontra, continuará a carregar. Um dia terão uma história para contar aos vossos filhos, a vossa história de amor, do amor que vos gerou.
O amor que nos preenche o coração, deve também ocupar os lugares vazios deixados por quem amamos e já não temos fisicamente. Esses estarão sempre na nossa alma e coração. Estarão para sempre nos nossos pensamentos.
É importante seguir na estrada da vida, em paz e harmonia com o mundo que nos rodeia, seja ele encantado ou não. Cabe-nos a nós o feitiço, de todos os dias fazer magia, com o que a vida nos proporciona e torná-la melhor dia após dia.
E, os que perdemos no nosso percurso, em estrelas se transformarão e estarão sempre colados no firmamento que vemos das nossas janelas, guardando as memórias e recordações em lugares muito especiais de nós mesmos!
O NATAL E AS FADAS
Era uma vez... mais um Natal na terra encantada das fadas.
A mãe todos os dias enfeitava mais um pouco a casa onde habitavam, para que a época fosse vivida com maior intensidade, luminosa e diferente dos anos anteriores, pois sentia no seu coração e sem conseguir explicar, que, este natal viria a ser marcante na vida de todos que dele iriam participar.
A chegada de mais um Natal marcava impiedosamente o tempo; mostrando que os ciclos de vida se alteram e muitas vezes se repetem.
Não era possível ver o Natal aproximar-se, sem recordar com saudade a estrela que habita no céu e ilumina os corações; sem levar a memória ao tempo em que a estrela vivia no meio delas, celebrando as datas importantes do ano com alegria e imenso amor.
É impossível não voltar ao passado que já lhes ofereceu abundância e riqueza, sem no entanto, lhes retirar da alma a essência de amor que as une.
Agora, viviam-se, de novo, tempos difíceis, até pobres! Mas, estas viagens entre o bom e o mau, entre o ter e não ter, entre o sonhar e conquistar, foi-lhes ensinando, dia após dia, que o mais importante são os laços que se estreitam, aprimoram e vivem, a partilha que se alimenta e o amor que se espalha em redor... Mais que o ter, o possuir...
Assim, nesta época de paz e amor, a mãe resolveu contar-lhes mais uma história para guardarem junto da alma para todo o sempre. Desta vez vai, então, contar-lhes a história do primeiro natal de cada uma delas voltando assim ao:
Era uma vez...
O primeiro Natal da fada I, de faces rosadas e olhos achinesados e escuros, orlados pelo farto e muito preto cabelo de criança...
Assistiu com imensa atenção aos preparativos de uma noite, entusiasmada com a ideia do nascimento do Menino Jesus e a vinda de um Pai Natal gordo e fofo que se faria anunciar com umas gargalhadas que lhe inspiravam algum receio. A ideia do Natal, ela vivia-a batendo palmas que acompanhava com uns gritinhos de excitação e alegria.
Infelizmente, adoeceu dois dias antes da grande noite e acabou por passar a consoada vestida de pijama e a arder em 39 graus de uma febre que insistia em não baixar.
Mesmo assim, aguentou-se acordada até à meia-noite ansiosa por abrir uma pilha enorme de presentes, aninhando o seu mau-estar em todos os colos que experimentou.
Chegada a hora, foi abrindo os presentes com um frenesim incontrolável, cheia de risos. Não sabia se havia de brincar com os brinquedos ou com as caixas e papéis coloridos que pareciam sorrir para ela.
De todos os que recebeu, aquele que teve maior impacto foi uma boneca quase tão grande quanto ela, de longos cabelos louros que o pai havia comprado para ela e à qual se deu o nome de Maria Madalena.
A Maria Madalena passou, a partir daquele momento, a andar sempre debaixo do braço da fada que nunca se cansava de brincar com ela.
Para os pais, este primeiro Natal vinha selar o seu amor, o amor que tinha gerado a fada I.
Foi uma época passada em comunhão e com amor no coração; também com a certeza que, os próximos seriam melhores.
Continuando a história e quatro anos e meio passados:
Era uma vez, outra vez...
O primeiro Natal da fada R! Gorducha, com apenas quatro meses. A excitação era muito mais da mana mais velha que construiu pirâmides com os presentes de cada uma.
Uma noite quentíssima em terras brasileiras, mais precisamente no Rio de Janeiro.
Uma mesa repleta de iguarias da tradição portuguesa que transpusemos para o país que nos acolheu. Vivíamos tempos de abundância, privilegiados pela primeira vez na vida em comum; sem qualquer dificuldade.
A fada R era, apesar de tão pequenina, muito atenta. Deitada no seu parque foi assistindo a toda a movimentação com imensa curiosidade pelas cores e pelo brilho.
Foi o primeiro Natal em que a mãe construiu, com toda a imaginação e criatividade, uma árvore de Natal em esferovite, toda forrada a papel verde, com bolas vermelhas penduradas e uma estrela dourada bem no alto. Era uma árvore bem grande que quase chegava ao tecto.
O velho presépio fora deixado para trás, assim e para que a magia do Natal não se quebrasse, a mãe modelou em barro as cinco figuras mais importantes que, depois pintou com vermelhos, dourados e prateados. Ao pai das fadas, coube construir em cartão uma pequena cabana e ao avô, foi destinado que faria a manjedoura.
Assim, a tradição manteve-se intacta e fez as delícias das gerações mais novas que passaram a noite em volta do presépio aguardando com expectativa a hora de colocar o Menino Jesus nas palhinhas.
A fada R portou-se muito bem nessa noite. Vestia um vestido de bordado inglês, branco com lacinhos amarelos e, apesar do barulho que se fez, dormiu em paz toda a noite.
A mana mais velha abriu-lhe os presentes e só no dia seguinte ela se deliciou com alguns deles.
Não guarda memória do seu primeiro Natal, por isso coube à mãe contar a história para pejar a sua mente de lembranças de amor, de um Natal onde estiveram presentes quatro gerações de uma família.
A vida dá tantas voltas... Um dia estamos num continente, outro dia tudo muda e já estamos noutro; um dia somos ricos, outro passamos a pobres; um dia temos facilidades, noutro só vemos obstáculos e dificuldades...
O que existe em comum que nos impele a seguir em frente?
Os laços de afecto, de ternura e amor.
As memórias boas que se alojam dentro de nós com carácter definitivo.
Passam mais cinco anos e:
Era uma vez, de novo...
O primeiro Natal da fada A!
A fada I já uma menina grande, a fada R que se sentia dona do seu nariz na sua pouca idade e... eis que surge mais uma pequena fada que não era aguardada mas foi recebida com um cobertor de amor a aquecê-la.
Ela era um ser muito, mas muito pequenino. Tão pequenino que foi por momentos Menino Jesus na festa de Natal da escola das manas.
Tinha nascido nem à um mês.
No seu primeiro Natal, fazia um frio de rachar que se entranhava nos ossos, mas foi uma noite tranquila em casa, com ela a passar do colo da mãe para o colo do pai. Nem deu pelo Natal passar.
As manas sim, deram por ele. E foi uma alegria imensa, uma pilha de presentes, nem sabiam por onde começar...
Para os pais destas fadas maravilhosas, este Natal foi uma dádiva, um tempo de paz e tranquilidade. De gratidão profunda pela chegada da fada A que tinha entrado nas suas vidas para somar o seu caminho ao das manas e assim passarem a ser, três lindas fadas que sempre souberam espalhar amor, em forma de um pó cintilante que se agarra ao corpo sem nunca se soltar.
Os Natais continuam a passar-se; uns fantásticos, outros muito dolorosos; uns em família e outros mais solitários; uns abundantes, outros menos...
O - Era uma vez um Natal - continuou pela vida fora até chegarmos ao dia de hoje, em que se vive um Natal diferente.
E este vai ser, sem sombra de dúvida o Primeiro Natal das nossas vidas. O que nos une não é material, ninguém consegue ver - só os nossos corações sentem!
Feliz Natal minhas doces fadas!
A mãe todos os dias enfeitava mais um pouco a casa onde habitavam, para que a época fosse vivida com maior intensidade, luminosa e diferente dos anos anteriores, pois sentia no seu coração e sem conseguir explicar, que, este natal viria a ser marcante na vida de todos que dele iriam participar.
A chegada de mais um Natal marcava impiedosamente o tempo; mostrando que os ciclos de vida se alteram e muitas vezes se repetem.
Não era possível ver o Natal aproximar-se, sem recordar com saudade a estrela que habita no céu e ilumina os corações; sem levar a memória ao tempo em que a estrela vivia no meio delas, celebrando as datas importantes do ano com alegria e imenso amor.
É impossível não voltar ao passado que já lhes ofereceu abundância e riqueza, sem no entanto, lhes retirar da alma a essência de amor que as une.
Agora, viviam-se, de novo, tempos difíceis, até pobres! Mas, estas viagens entre o bom e o mau, entre o ter e não ter, entre o sonhar e conquistar, foi-lhes ensinando, dia após dia, que o mais importante são os laços que se estreitam, aprimoram e vivem, a partilha que se alimenta e o amor que se espalha em redor... Mais que o ter, o possuir...
Assim, nesta época de paz e amor, a mãe resolveu contar-lhes mais uma história para guardarem junto da alma para todo o sempre. Desta vez vai, então, contar-lhes a história do primeiro natal de cada uma delas voltando assim ao:
Era uma vez...
O primeiro Natal da fada I, de faces rosadas e olhos achinesados e escuros, orlados pelo farto e muito preto cabelo de criança...
Assistiu com imensa atenção aos preparativos de uma noite, entusiasmada com a ideia do nascimento do Menino Jesus e a vinda de um Pai Natal gordo e fofo que se faria anunciar com umas gargalhadas que lhe inspiravam algum receio. A ideia do Natal, ela vivia-a batendo palmas que acompanhava com uns gritinhos de excitação e alegria.
Infelizmente, adoeceu dois dias antes da grande noite e acabou por passar a consoada vestida de pijama e a arder em 39 graus de uma febre que insistia em não baixar.
Mesmo assim, aguentou-se acordada até à meia-noite ansiosa por abrir uma pilha enorme de presentes, aninhando o seu mau-estar em todos os colos que experimentou.
Chegada a hora, foi abrindo os presentes com um frenesim incontrolável, cheia de risos. Não sabia se havia de brincar com os brinquedos ou com as caixas e papéis coloridos que pareciam sorrir para ela.
De todos os que recebeu, aquele que teve maior impacto foi uma boneca quase tão grande quanto ela, de longos cabelos louros que o pai havia comprado para ela e à qual se deu o nome de Maria Madalena.
A Maria Madalena passou, a partir daquele momento, a andar sempre debaixo do braço da fada que nunca se cansava de brincar com ela.
Para os pais, este primeiro Natal vinha selar o seu amor, o amor que tinha gerado a fada I.
Foi uma época passada em comunhão e com amor no coração; também com a certeza que, os próximos seriam melhores.
Continuando a história e quatro anos e meio passados:
Era uma vez, outra vez...
O primeiro Natal da fada R! Gorducha, com apenas quatro meses. A excitação era muito mais da mana mais velha que construiu pirâmides com os presentes de cada uma.
Uma noite quentíssima em terras brasileiras, mais precisamente no Rio de Janeiro.
Uma mesa repleta de iguarias da tradição portuguesa que transpusemos para o país que nos acolheu. Vivíamos tempos de abundância, privilegiados pela primeira vez na vida em comum; sem qualquer dificuldade.
A fada R era, apesar de tão pequenina, muito atenta. Deitada no seu parque foi assistindo a toda a movimentação com imensa curiosidade pelas cores e pelo brilho.
Foi o primeiro Natal em que a mãe construiu, com toda a imaginação e criatividade, uma árvore de Natal em esferovite, toda forrada a papel verde, com bolas vermelhas penduradas e uma estrela dourada bem no alto. Era uma árvore bem grande que quase chegava ao tecto.
O velho presépio fora deixado para trás, assim e para que a magia do Natal não se quebrasse, a mãe modelou em barro as cinco figuras mais importantes que, depois pintou com vermelhos, dourados e prateados. Ao pai das fadas, coube construir em cartão uma pequena cabana e ao avô, foi destinado que faria a manjedoura.
Assim, a tradição manteve-se intacta e fez as delícias das gerações mais novas que passaram a noite em volta do presépio aguardando com expectativa a hora de colocar o Menino Jesus nas palhinhas.
A fada R portou-se muito bem nessa noite. Vestia um vestido de bordado inglês, branco com lacinhos amarelos e, apesar do barulho que se fez, dormiu em paz toda a noite.
A mana mais velha abriu-lhe os presentes e só no dia seguinte ela se deliciou com alguns deles.
Não guarda memória do seu primeiro Natal, por isso coube à mãe contar a história para pejar a sua mente de lembranças de amor, de um Natal onde estiveram presentes quatro gerações de uma família.
A vida dá tantas voltas... Um dia estamos num continente, outro dia tudo muda e já estamos noutro; um dia somos ricos, outro passamos a pobres; um dia temos facilidades, noutro só vemos obstáculos e dificuldades...
O que existe em comum que nos impele a seguir em frente?
Os laços de afecto, de ternura e amor.
As memórias boas que se alojam dentro de nós com carácter definitivo.
Passam mais cinco anos e:
Era uma vez, de novo...
O primeiro Natal da fada A!
A fada I já uma menina grande, a fada R que se sentia dona do seu nariz na sua pouca idade e... eis que surge mais uma pequena fada que não era aguardada mas foi recebida com um cobertor de amor a aquecê-la.
Ela era um ser muito, mas muito pequenino. Tão pequenino que foi por momentos Menino Jesus na festa de Natal da escola das manas.
Tinha nascido nem à um mês.
No seu primeiro Natal, fazia um frio de rachar que se entranhava nos ossos, mas foi uma noite tranquila em casa, com ela a passar do colo da mãe para o colo do pai. Nem deu pelo Natal passar.
As manas sim, deram por ele. E foi uma alegria imensa, uma pilha de presentes, nem sabiam por onde começar...
Para os pais destas fadas maravilhosas, este Natal foi uma dádiva, um tempo de paz e tranquilidade. De gratidão profunda pela chegada da fada A que tinha entrado nas suas vidas para somar o seu caminho ao das manas e assim passarem a ser, três lindas fadas que sempre souberam espalhar amor, em forma de um pó cintilante que se agarra ao corpo sem nunca se soltar.
Os Natais continuam a passar-se; uns fantásticos, outros muito dolorosos; uns em família e outros mais solitários; uns abundantes, outros menos...
O - Era uma vez um Natal - continuou pela vida fora até chegarmos ao dia de hoje, em que se vive um Natal diferente.
E este vai ser, sem sombra de dúvida o Primeiro Natal das nossas vidas. O que nos une não é material, ninguém consegue ver - só os nossos corações sentem!
Feliz Natal minhas doces fadas!
AS FADAS EM TERRA DE SUA MAJESTADE - LONDRES
Estamos no ano de 2014 - um ano a jamais esquecer!
As fadas mais unidas que nunca!
Como se num passe de mágica, as fadas encontram-se todas em Londres numa surpresa sem igual e a nada comparável.
A fada I já se encontrava lá, nas celebrações contínuas do seu aniversário, acompanhada de um príncipe! Com ele tinha ido plantar na memória conjunta, mais uma história e mais sensações.
Londres, envolta numa neblina fria que tolda os olhos e penetra nos ossos, cheia de contrastes - como que saída de um conto infantil acolhe-nos com magia e brinda-nos com um dia sem chuva.
Estava a fada I sentada num restaurante a almoçar e a tentar recuperar as forças para continuar a desbravar o desconhecido, quando, de repente alguém lhe toca no ombro e faz uma pergunta fazendo-a olhar para trás. Quem lhe havia tocado e falado?
A fada R! Atrás dela, estava um grupo de pessoas que a amam incondicionalmente e para todo o sempre - a mãe, as manas e dois queridos amigos que tinham feito questão de participar na surpresa.
Ela ficou... muda, estupefacta... Nem houve tempo para deixar rolar as lágrimas que ficaram presas na sua garganta.
Somente espaço para soltar as gargalhadas nervosas de quem já estava com o seu interior cheio de borboletas que esvoaçam sem parar, de ansiedade, de urgência para que o tempo passasse rápido o suficiente para nos reunir todos. Assim, entrecortaram-se palavras, com riso, com lágrimas que não se choraram...
Um momento inolvidável da mais pura manifestação de amor!
Um momento que a memória jamais apagará e que fará parte das sensações que se vivem em conjunto.
A sensação de que, viver assim vale a pena e é uma benção.
Conseguir quase agarrar nas mãos o sentido da vida e, saber com absoluta certeza, que este caminho que as fadas fazem, o da troca de amor e união, é o certo.
Enquanto a fada I tentava ainda perceber como é que se tinha orquestrado esta reunião, a mãe manteve-se quase todo o tempo a tentar perscrutar o que as une, orgulhosa dos rebentos que um dia concebeu e sabendo que a estrela que brilha no céu estaria feliz com tal reunião.
Passada a surpresa do momento, seguiram caminho tentando ver o máximo que podiam, tirando mil fotografias que, um dia conseguirão constituir a cena ao pormenor. O dia passou a uma velocidade alucinante, deixando um sabor amargo a querer mais...
As mentes pejaram-se de recordações! As peles tocaram-se vezes sem conta em manifestações tão puras de amor!
Batem as seis horas de uma tarde que não se queria que terminasse, a mãe fotografa um relógio redondo e grande para segurar em papel aquele momento e, olha para o lado e vê a estrela brilhante que descansa placidamente no céu. A estrela encontrou-se com as fadas em terras de Sua Majestade - uma confirmação que, ela olha por todas, sempre e em qualquer lugar!
E, naquele momento todas olharam para o céu, ao ouvir a fada R dizer: O pai veio connosco!
E.... seguiram caminho, mal sabendo que mais uma surpresa estava preparada e que iriam encontrar-se com alguém muito querido.
Assim, as fadas, todas juntas encontraram-se em Londres e lá deixaram a promessa de voltar por mais tempo! Lá deixaram plantadas sensações fantásticas, emoções fabulosas!
As fadas mais unidas que nunca!
Como se num passe de mágica, as fadas encontram-se todas em Londres numa surpresa sem igual e a nada comparável.
A fada I já se encontrava lá, nas celebrações contínuas do seu aniversário, acompanhada de um príncipe! Com ele tinha ido plantar na memória conjunta, mais uma história e mais sensações.
Londres, envolta numa neblina fria que tolda os olhos e penetra nos ossos, cheia de contrastes - como que saída de um conto infantil acolhe-nos com magia e brinda-nos com um dia sem chuva.
Estava a fada I sentada num restaurante a almoçar e a tentar recuperar as forças para continuar a desbravar o desconhecido, quando, de repente alguém lhe toca no ombro e faz uma pergunta fazendo-a olhar para trás. Quem lhe havia tocado e falado?
A fada R! Atrás dela, estava um grupo de pessoas que a amam incondicionalmente e para todo o sempre - a mãe, as manas e dois queridos amigos que tinham feito questão de participar na surpresa.
Ela ficou... muda, estupefacta... Nem houve tempo para deixar rolar as lágrimas que ficaram presas na sua garganta.
Somente espaço para soltar as gargalhadas nervosas de quem já estava com o seu interior cheio de borboletas que esvoaçam sem parar, de ansiedade, de urgência para que o tempo passasse rápido o suficiente para nos reunir todos. Assim, entrecortaram-se palavras, com riso, com lágrimas que não se choraram...
Um momento inolvidável da mais pura manifestação de amor!
Um momento que a memória jamais apagará e que fará parte das sensações que se vivem em conjunto.
A sensação de que, viver assim vale a pena e é uma benção.
Conseguir quase agarrar nas mãos o sentido da vida e, saber com absoluta certeza, que este caminho que as fadas fazem, o da troca de amor e união, é o certo.
Enquanto a fada I tentava ainda perceber como é que se tinha orquestrado esta reunião, a mãe manteve-se quase todo o tempo a tentar perscrutar o que as une, orgulhosa dos rebentos que um dia concebeu e sabendo que a estrela que brilha no céu estaria feliz com tal reunião.
Passada a surpresa do momento, seguiram caminho tentando ver o máximo que podiam, tirando mil fotografias que, um dia conseguirão constituir a cena ao pormenor. O dia passou a uma velocidade alucinante, deixando um sabor amargo a querer mais...
As mentes pejaram-se de recordações! As peles tocaram-se vezes sem conta em manifestações tão puras de amor!
Batem as seis horas de uma tarde que não se queria que terminasse, a mãe fotografa um relógio redondo e grande para segurar em papel aquele momento e, olha para o lado e vê a estrela brilhante que descansa placidamente no céu. A estrela encontrou-se com as fadas em terras de Sua Majestade - uma confirmação que, ela olha por todas, sempre e em qualquer lugar!
E, naquele momento todas olharam para o céu, ao ouvir a fada R dizer: O pai veio connosco!
E.... seguiram caminho, mal sabendo que mais uma surpresa estava preparada e que iriam encontrar-se com alguém muito querido.
Assim, as fadas, todas juntas encontraram-se em Londres e lá deixaram a promessa de voltar por mais tempo! Lá deixaram plantadas sensações fantásticas, emoções fabulosas!
AS FADAS RUMAM PARA TERRAS DE VERA CRUZ - I PARTE - SÃO PAULO
Um ano de travessia de deserto! Tudo dentro de cada fada era dor, devastação e desorientação - tal como a travessia de um deserto - de bocas gretadas pela falta de um amor que fazia parte delas, de olhos sempre marejados que se embalavam só nas recordações que haviam ficado, que lhes inundava o coração e escorria em lágrimas, sem no entanto refrescar a alma.
O pai, era agora uma estrela brilhante que dominava os céus e elas procuravam-na todos os dias na imensidão do negrume da noite e do seu interior.
O momento da partida abrupta do pai fazia com que elas tivessem apagado das suas memórias as boas lembranças de infindáveis momentos vividos durante dezoito anos.
A mãe, acreditando que se as levasse numa viagem longa para as terras abrasadoras do Brasil onde a fada R tinha nascido, conseguiria abrir-lhes os corações e mostrar-lhes que a vida é feita de uma mescla de momentos e sensações onde cabem o bom e mau sem necessariamente se atropelarem.
Tinha dentro dela a convicção de que, nessa viagem elas iriam confrontar-se com uma parte da história de vida conjunta que havia sido composta de tanta felicidade e descontracção, de momentos cheios de fabulosas energias.
Era importante elas sentirem essas histórias, voltarem aos lugares, deixarem-se levar pelos sentidos como em ondas refrescantes que vão e voltam... Sentirem que é importante guardar dentro de nós recordação viva do melhor das pessoas que deixam de estar ao nosso lado.
Assim, partem as quatro numa aventura sem igual e dividida por quatro lugares diferentes de um Brasil gigantesco.
Num belo dia de Agosto e após várias horas de viagem chegam à cosmopolita São Paulo.
Munidas de quatro malas enormes (que a mãe não conseguiu demovê-las de levar tanta roupa), cheias de borboletas dentro de si mas prontas a abraçar a aventura que lhes era oferecida.
No aeroporto de Guarulhos estava o Jó à espera, um amigo de infância da mãe.que se emocionou quando as viu - pelo tempo que impiedosamente havia passado, pelos maus momentos que as fadas haviam passado, pela amizade que os uniu um dia em forma de brincadeiras sem fim.... Ele e a família que as receberam de braços abertos e com imensa amizade e gentileza.
A partir do momento em que as fadas pisaram solo brasileiro, começou um sem fim de passeios, de visitas, de histórias que se começaram a contar. Eles sempre presentes fazendo-as sentir protegidas no meio dos milhões de pessoas , da violência gratuita, de um corre-corre jamais visto.
As fadas, encantadas deixaram-se fotografar em todos os lugares por onde passaram e a mãe todos os dias antes de dormir escrevia o seu diário de viagem com absoluta certeza de que, um dia, as suas palavras em conjunto com as fotografias transformar-se-iam num filme que elas iriam juntar ao seu universo sensitivo e talvez passar às gerações seguintes. Os diálogos eram incessantes tais como as visitas... Tanto que se havia perdido no tempo...
As fadas mantiveram-se quase todo o tempo que estiveram em São Paulo, completamente estupefactas perante a imensidão da cidade, que se tornara ainda mais avassaladora com o cinzento do tempo e até do frio que se sentia.
Deram-se conta das inconstâncias de uma cidade como esta - a pobreza e a riqueza, o feio e o bonito...
O ponto mais alto da estadia em São Paulo foi a visita a um parque de diversões chamado Hopi Hari.
A mãe manteve-se a apreciar a infância que jorrava delas de uma forma tão genuína que lhe lavava a alma e fazia acreditar que esta viagem tinha sido a melhor decisão que havia tomado. Ver, finalmente as suas fadas a rir, a brincar e a relaxar... Com muito menos dor espelhada nos olhos - uma benção bem vinda nestes tempos tão árduos que viviam dentro de si mesmas.
E era chegado o dia da partida para o Rio de Janeiro e o rebuliço de fechar malas e seguir para o aeroporto numa viagem que demorou uma hora e meia a ser feita. E uma vez lá chegadas depararam-se com uma loucura de pessoas a transitar de um lado para o outro, avião atrasado e cadeiras todas ocupadas. Sentaram-se as quatro no chão e deixaram-se estar no olhar de um grupo que parecia enfeitiçado pela fada mais velha. Seguiram no mesmo avião e mais tarde as fadas vieram a saber que se tratava de um grupo chamado Biquini Cavadão - um grupo que cantava no tempo em que tinham vivido no Brasil - uns "velhos" do tempo da mãe das fadas!
O pai, era agora uma estrela brilhante que dominava os céus e elas procuravam-na todos os dias na imensidão do negrume da noite e do seu interior.
O momento da partida abrupta do pai fazia com que elas tivessem apagado das suas memórias as boas lembranças de infindáveis momentos vividos durante dezoito anos.
A mãe, acreditando que se as levasse numa viagem longa para as terras abrasadoras do Brasil onde a fada R tinha nascido, conseguiria abrir-lhes os corações e mostrar-lhes que a vida é feita de uma mescla de momentos e sensações onde cabem o bom e mau sem necessariamente se atropelarem.
Tinha dentro dela a convicção de que, nessa viagem elas iriam confrontar-se com uma parte da história de vida conjunta que havia sido composta de tanta felicidade e descontracção, de momentos cheios de fabulosas energias.
Era importante elas sentirem essas histórias, voltarem aos lugares, deixarem-se levar pelos sentidos como em ondas refrescantes que vão e voltam... Sentirem que é importante guardar dentro de nós recordação viva do melhor das pessoas que deixam de estar ao nosso lado.
Assim, partem as quatro numa aventura sem igual e dividida por quatro lugares diferentes de um Brasil gigantesco.
Num belo dia de Agosto e após várias horas de viagem chegam à cosmopolita São Paulo.
Munidas de quatro malas enormes (que a mãe não conseguiu demovê-las de levar tanta roupa), cheias de borboletas dentro de si mas prontas a abraçar a aventura que lhes era oferecida.
No aeroporto de Guarulhos estava o Jó à espera, um amigo de infância da mãe.que se emocionou quando as viu - pelo tempo que impiedosamente havia passado, pelos maus momentos que as fadas haviam passado, pela amizade que os uniu um dia em forma de brincadeiras sem fim.... Ele e a família que as receberam de braços abertos e com imensa amizade e gentileza.
A partir do momento em que as fadas pisaram solo brasileiro, começou um sem fim de passeios, de visitas, de histórias que se começaram a contar. Eles sempre presentes fazendo-as sentir protegidas no meio dos milhões de pessoas , da violência gratuita, de um corre-corre jamais visto.
As fadas, encantadas deixaram-se fotografar em todos os lugares por onde passaram e a mãe todos os dias antes de dormir escrevia o seu diário de viagem com absoluta certeza de que, um dia, as suas palavras em conjunto com as fotografias transformar-se-iam num filme que elas iriam juntar ao seu universo sensitivo e talvez passar às gerações seguintes. Os diálogos eram incessantes tais como as visitas... Tanto que se havia perdido no tempo...
As fadas mantiveram-se quase todo o tempo que estiveram em São Paulo, completamente estupefactas perante a imensidão da cidade, que se tornara ainda mais avassaladora com o cinzento do tempo e até do frio que se sentia.
Deram-se conta das inconstâncias de uma cidade como esta - a pobreza e a riqueza, o feio e o bonito...
O ponto mais alto da estadia em São Paulo foi a visita a um parque de diversões chamado Hopi Hari.
A mãe manteve-se a apreciar a infância que jorrava delas de uma forma tão genuína que lhe lavava a alma e fazia acreditar que esta viagem tinha sido a melhor decisão que havia tomado. Ver, finalmente as suas fadas a rir, a brincar e a relaxar... Com muito menos dor espelhada nos olhos - uma benção bem vinda nestes tempos tão árduos que viviam dentro de si mesmas.
E era chegado o dia da partida para o Rio de Janeiro e o rebuliço de fechar malas e seguir para o aeroporto numa viagem que demorou uma hora e meia a ser feita. E uma vez lá chegadas depararam-se com uma loucura de pessoas a transitar de um lado para o outro, avião atrasado e cadeiras todas ocupadas. Sentaram-se as quatro no chão e deixaram-se estar no olhar de um grupo que parecia enfeitiçado pela fada mais velha. Seguiram no mesmo avião e mais tarde as fadas vieram a saber que se tratava de um grupo chamado Biquini Cavadão - um grupo que cantava no tempo em que tinham vivido no Brasil - uns "velhos" do tempo da mãe das fadas!
HIP... HIP... HURRA!! A FADA I FAZ 30 ANOS!
Era uma vez….
Hip Hip Hurra…. A Fada I faz 30 anos e vamos fazer uma viagem rápida pelo passado.
Viviam-se tempos cheios de paixão e amor, daquele tipo que só se sente uma vez na vida!
Passaram-se nove meses em suspenso pela curiosidade que tomava conta de nós – seria menino ou menina? Só tínhamos escolhido nome para menina – Inês, como a avó materna!
Após uma noite gelada de inverno e várias idas ao hospital que atrapalharam um belo serão a jogar às cartas, eis que nasce pelas 7h da manhã a primeira das nossas três mágicas fadas, que viriam pelo resto dos tempos a transformar as nossas vidas e a torna-las muito mais doces e cheias de sentido.
Muito comprida, com um bom peso; de farto cabelo da cor de uma asa de corvo; de olhos achinesados e muito vivos; com a boca muito pequenina, rosada e carnuda onde, segundo a sua amiga Sofia não cabia sequer o cabinho de uma colher; a sua face parecia desenhada à pena de tão perfeita que era; muito bem disposta sorria para todas as pessoas com a única excepção de quando lhe púnhamos umas mínimas luvas brancas para a proteger do frio – amarrava um burro e ninguém lhe arrancava um piscar de olhos, quanto mais um sorriso...
Adorava passear com o pai que a levava para todo o lado qual canguru a transportar a sua cria, carregado com o saco das fraldas, e biberons, e mudas de roupa. Quando andavam de comboio ficava muito curiosa e atenta; e o pai parecia levitar de orgulho quando a carregava ao colo – tarefa que não permitia a ninguém com medo que a deixassem cair.
Foi a primeira de todas, a filha, a sobrinha, a neta, a bisneta, a irmã!
Rejuvenescia os bisavós a cada visita que lhes fazia; ensinou as manas a darem os primeiros passos em quase tudo e terá sido, quiçá até mais que irmã!
Teve uma infância tranquila, rodeada de pessoas, rodeada de brinquedos e amigos, e de lápis e papéis onde desenhava autênticas obras de arte. As letras e os números aprendeu-os rapidamente, nunca deu um erro num ditado. Fazia os desenhos de pernas para o ar e depois virava-os…. Vá-se lá saber porquê… Dava-lhe jeito! Pintou uma autêntica selva amazónica a caneta de feltro nas paredes brancas da sala e não servia de nada explicar-lhe que não devia fazer aquilo, tinha arte a sair-lhe pelos poros… Adorava música e teve uma plateia gigante na embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, com um ano e pouco a dançar o malhão só de fralda vestida!! Toda a gente lhe bateu palmas e ela tirou partido disso repetindo várias vezes!
Desde cedo teve jeito para dançar e quando íamos a festas acompanhava o pai em todos os ritmos que ele dançasse… Deu um show a dançar samba ao som de uma caixa de fósforos, num restaurante em Búzios… Aprendeu a dançar lambada por causa de uma festa na escola e ganhou um prémio por ter dançado melhor que as outras meninas! Passava manhãs inteiras em frente à televisão a dançar com a Xuxa, era o seu ídolo, tinha tudo da Xuxa, roupa, acessórios… Uma vez fez a avó Margarida ver sete sessões contínuas do filme da Xuxa!!
Quando começou a ensaiar as primeiras sílabas, falava uma língua que ninguém entendia a não ser o avô que a acompanhava no gesticular e nos sons, horas a fio se necessário fosse em momentos de cumplicidade que transcendiam tudo e todos.
Era muito coquette e só gostava de cor de rosa e laços e folhos e bordados. Jamais saía de casa sem um adereço qualquer. Quanto mais piroso melhor, mais gostava!
Entrou na escola com um ar de superioridade e não quis que ninguém a acompanhasse – o tempo de escola passou muito rápido…
Com o passar dos anos, mais precisamente cinco, veio a Fada Rita e nesse dia ficou toda a tarde na clínica, sentada ao lado da mãe, extasiada com uma Barbie que a mana lhe tinha trazido.
Daí veio a loucura das Barbies e todos os acessórios que a levavam a passar tardes inteiras a brincar sem se ouvir – não gostava nada de partilhar esses pequenos tesouros com outras crianças… Vieram também as tardes entretida com a mãe a fazer roupas para as bonecas.
Fazia muitas perguntas, tudo queria saber e numa viagem de carro levou o tempo todo a teimar que eu e ela tínhamos dois bigos. Umbigo já era um, então o dobro eram dois bigos… Foi uma viagem memorável que lembro como se tivesse sido ontem!
Era muito possessiva com tudo. Muito cheia de manias com a limpeza, com a comida e só aceitava que fosse a mãe a fazer-lhe as coisas – Deixe que minha mãe faz!!Era a frase preferida!
Adorava fazer de conta que era mãe e foi uma ajuda preciosa com as manas, com a Fada Rita brincava muito, já quando nasceu a última fada o que gostava mesmo era de lhe dar banho, vestir, adormecer – sentia-se uma mãe em ponto pequeno! E acabou mesmo por ser um pouco.
Conseguiu sempre estabelecer relações de amizade duradouras sendo a Joana a sua primeira amiga quando chegamos a Portugal, amiga desde o 1º ano na escolinha do monte.
E a vida seguiu o seu caminho, e juntaram-se as fung que até hoje têm um código muito especial entre elas!
Tivemos os momentos de escuteiros que ela adorava e se enchia de nervos quando havia acampamentos – arrumava a mochila com uma organização quase milimétrica e raramente se esquecia de alguma coisa – sempre foi muito independente no que dizia respeito às tarefas que lhe competiam.
Os momentos das salesianas, cheios de trabalhos de casa, cheios de festas – nunca fui chamada à escola por algo errado que tivesse feito (apesar de eu saber, claro, que não era nenhuma santinha).
A seu tempo cada um de vocês entrou na sua vida, ou pela escola, ou pela faculdade, ou por trabalho. E quase todos passaram por esta casa e com toda a certeza terão recordações de jantares, de tertúlias, de carnavais, de festas.
Alguns também nos acompanharam no que foi o dia pior das nossas vidas e foram tão mas tão importantes que, jamais a deixaram cair!
Começa a faculdade e novos amigos se juntam aos que já existiam – que saudades desses tempos, das reuniões cá em casa, da preparação dos trabalhos! Das exposições…
E houve também os copos, e algumas bebedeiras, e o começar a fumar e ser apanhada quando menos esperava… E o tirar a carta… E o sair de casa abandonando um ninho mas só fisicamente! E começar a trabalhar, batalhar pelo seu lugar ao sol, sentir-se reconhecida no que fazia… e as noites de fecho na Maxim, e as idas diárias aos correios e ligar sempre nesses momentos. E uma niwa, e um corte e costura… Pensar que faz hoje um ano que se mostraram os primeiros protótipos do que viria a ser a niwa!
E um feitio por vezes difícil, outras muito fácil e algumas totalmente previsível… E uma intolerância e impaciência que dão lugar a um perdão, um diálogo, uma partilha…
E a alegria de viver, a gargalhada solta, a brincadeira. E o gostar de surpreender os outros e acabar surpreendida como nestes últimos dois anos…
E o encontrar um príncipe à sua medida que lhe enche o coração e lhe bafeja declarações de amor ao ouvido e a enche de recadinhos. Um príncipe que conquistou o seu lugar neste mundo nosso que é tão mágico!
É assim a minha Fada! Linda por dentro e por fora.
E porque a vida é isto, momentos de infância que se recordam com saudade, de adolescência que se vive apressadamente, neste dia tão importante em que a Fada Inês completa 30 anos, cabe-me a mim (por mim e por ela) dizer do bom que é ter pessoas que marcam as nossas vidas para sempre. E de como isso nos altera positivamente.
Passados que são 30 anos, percebo que grande parte da minha missão é amar e ser amada sem nunca ter medo de parecer lamecha; é espalhar magia em forma de um pó invisível e tocar fundo o coração do outro; é ser Mãe e orgulhar-me disso todos os dias da minha vida quando vejo os seres humanos que ajudei a formar. E ver com alegria que estas lições elas aprenderam tão bem.
Passados que são 30 anos minha Fada, olho sempre para ti com o olhar que te lancei quando nasceste e é tão bom saber e sentir que tudo vale a pena quando se tem pessoas como tu a atravessar-nos os caminhos. E que a melhor lição de vida que te podia dar é a de amar sempre incondicionalmente, a de agarrar os sonhos com unhas e dentes e transformá-los em realidade, a de batalhar pela nossa identidade. Olho para ti e chamo por uma estrela que está no céu a guiar os teus caminhos com toda a certeza com o coração tão leve e ao mesmo tempo tão cheio quanto o meu.
Que bom que és e serás sempre um bocadinho minha – que sorte eu tenho!
Parabéns meu doce amor!!
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Hip Hip Hurra…. A Fada I faz 30 anos e vamos fazer uma viagem rápida pelo passado.
Viviam-se tempos cheios de paixão e amor, daquele tipo que só se sente uma vez na vida!
Passaram-se nove meses em suspenso pela curiosidade que tomava conta de nós – seria menino ou menina? Só tínhamos escolhido nome para menina – Inês, como a avó materna!
Após uma noite gelada de inverno e várias idas ao hospital que atrapalharam um belo serão a jogar às cartas, eis que nasce pelas 7h da manhã a primeira das nossas três mágicas fadas, que viriam pelo resto dos tempos a transformar as nossas vidas e a torna-las muito mais doces e cheias de sentido.
Muito comprida, com um bom peso; de farto cabelo da cor de uma asa de corvo; de olhos achinesados e muito vivos; com a boca muito pequenina, rosada e carnuda onde, segundo a sua amiga Sofia não cabia sequer o cabinho de uma colher; a sua face parecia desenhada à pena de tão perfeita que era; muito bem disposta sorria para todas as pessoas com a única excepção de quando lhe púnhamos umas mínimas luvas brancas para a proteger do frio – amarrava um burro e ninguém lhe arrancava um piscar de olhos, quanto mais um sorriso...
Adorava passear com o pai que a levava para todo o lado qual canguru a transportar a sua cria, carregado com o saco das fraldas, e biberons, e mudas de roupa. Quando andavam de comboio ficava muito curiosa e atenta; e o pai parecia levitar de orgulho quando a carregava ao colo – tarefa que não permitia a ninguém com medo que a deixassem cair.
Foi a primeira de todas, a filha, a sobrinha, a neta, a bisneta, a irmã!
Rejuvenescia os bisavós a cada visita que lhes fazia; ensinou as manas a darem os primeiros passos em quase tudo e terá sido, quiçá até mais que irmã!
Teve uma infância tranquila, rodeada de pessoas, rodeada de brinquedos e amigos, e de lápis e papéis onde desenhava autênticas obras de arte. As letras e os números aprendeu-os rapidamente, nunca deu um erro num ditado. Fazia os desenhos de pernas para o ar e depois virava-os…. Vá-se lá saber porquê… Dava-lhe jeito! Pintou uma autêntica selva amazónica a caneta de feltro nas paredes brancas da sala e não servia de nada explicar-lhe que não devia fazer aquilo, tinha arte a sair-lhe pelos poros… Adorava música e teve uma plateia gigante na embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, com um ano e pouco a dançar o malhão só de fralda vestida!! Toda a gente lhe bateu palmas e ela tirou partido disso repetindo várias vezes!
Desde cedo teve jeito para dançar e quando íamos a festas acompanhava o pai em todos os ritmos que ele dançasse… Deu um show a dançar samba ao som de uma caixa de fósforos, num restaurante em Búzios… Aprendeu a dançar lambada por causa de uma festa na escola e ganhou um prémio por ter dançado melhor que as outras meninas! Passava manhãs inteiras em frente à televisão a dançar com a Xuxa, era o seu ídolo, tinha tudo da Xuxa, roupa, acessórios… Uma vez fez a avó Margarida ver sete sessões contínuas do filme da Xuxa!!
Quando começou a ensaiar as primeiras sílabas, falava uma língua que ninguém entendia a não ser o avô que a acompanhava no gesticular e nos sons, horas a fio se necessário fosse em momentos de cumplicidade que transcendiam tudo e todos.
Era muito coquette e só gostava de cor de rosa e laços e folhos e bordados. Jamais saía de casa sem um adereço qualquer. Quanto mais piroso melhor, mais gostava!
Entrou na escola com um ar de superioridade e não quis que ninguém a acompanhasse – o tempo de escola passou muito rápido…
Com o passar dos anos, mais precisamente cinco, veio a Fada Rita e nesse dia ficou toda a tarde na clínica, sentada ao lado da mãe, extasiada com uma Barbie que a mana lhe tinha trazido.
Daí veio a loucura das Barbies e todos os acessórios que a levavam a passar tardes inteiras a brincar sem se ouvir – não gostava nada de partilhar esses pequenos tesouros com outras crianças… Vieram também as tardes entretida com a mãe a fazer roupas para as bonecas.
Fazia muitas perguntas, tudo queria saber e numa viagem de carro levou o tempo todo a teimar que eu e ela tínhamos dois bigos. Umbigo já era um, então o dobro eram dois bigos… Foi uma viagem memorável que lembro como se tivesse sido ontem!
Era muito possessiva com tudo. Muito cheia de manias com a limpeza, com a comida e só aceitava que fosse a mãe a fazer-lhe as coisas – Deixe que minha mãe faz!!Era a frase preferida!
Adorava fazer de conta que era mãe e foi uma ajuda preciosa com as manas, com a Fada Rita brincava muito, já quando nasceu a última fada o que gostava mesmo era de lhe dar banho, vestir, adormecer – sentia-se uma mãe em ponto pequeno! E acabou mesmo por ser um pouco.
Conseguiu sempre estabelecer relações de amizade duradouras sendo a Joana a sua primeira amiga quando chegamos a Portugal, amiga desde o 1º ano na escolinha do monte.
E a vida seguiu o seu caminho, e juntaram-se as fung que até hoje têm um código muito especial entre elas!
Tivemos os momentos de escuteiros que ela adorava e se enchia de nervos quando havia acampamentos – arrumava a mochila com uma organização quase milimétrica e raramente se esquecia de alguma coisa – sempre foi muito independente no que dizia respeito às tarefas que lhe competiam.
Os momentos das salesianas, cheios de trabalhos de casa, cheios de festas – nunca fui chamada à escola por algo errado que tivesse feito (apesar de eu saber, claro, que não era nenhuma santinha).
A seu tempo cada um de vocês entrou na sua vida, ou pela escola, ou pela faculdade, ou por trabalho. E quase todos passaram por esta casa e com toda a certeza terão recordações de jantares, de tertúlias, de carnavais, de festas.
Alguns também nos acompanharam no que foi o dia pior das nossas vidas e foram tão mas tão importantes que, jamais a deixaram cair!
Começa a faculdade e novos amigos se juntam aos que já existiam – que saudades desses tempos, das reuniões cá em casa, da preparação dos trabalhos! Das exposições…
E houve também os copos, e algumas bebedeiras, e o começar a fumar e ser apanhada quando menos esperava… E o tirar a carta… E o sair de casa abandonando um ninho mas só fisicamente! E começar a trabalhar, batalhar pelo seu lugar ao sol, sentir-se reconhecida no que fazia… e as noites de fecho na Maxim, e as idas diárias aos correios e ligar sempre nesses momentos. E uma niwa, e um corte e costura… Pensar que faz hoje um ano que se mostraram os primeiros protótipos do que viria a ser a niwa!
E um feitio por vezes difícil, outras muito fácil e algumas totalmente previsível… E uma intolerância e impaciência que dão lugar a um perdão, um diálogo, uma partilha…
E a alegria de viver, a gargalhada solta, a brincadeira. E o gostar de surpreender os outros e acabar surpreendida como nestes últimos dois anos…
E o encontrar um príncipe à sua medida que lhe enche o coração e lhe bafeja declarações de amor ao ouvido e a enche de recadinhos. Um príncipe que conquistou o seu lugar neste mundo nosso que é tão mágico!
É assim a minha Fada! Linda por dentro e por fora.
E porque a vida é isto, momentos de infância que se recordam com saudade, de adolescência que se vive apressadamente, neste dia tão importante em que a Fada Inês completa 30 anos, cabe-me a mim (por mim e por ela) dizer do bom que é ter pessoas que marcam as nossas vidas para sempre. E de como isso nos altera positivamente.
Passados que são 30 anos, percebo que grande parte da minha missão é amar e ser amada sem nunca ter medo de parecer lamecha; é espalhar magia em forma de um pó invisível e tocar fundo o coração do outro; é ser Mãe e orgulhar-me disso todos os dias da minha vida quando vejo os seres humanos que ajudei a formar. E ver com alegria que estas lições elas aprenderam tão bem.
Passados que são 30 anos minha Fada, olho sempre para ti com o olhar que te lancei quando nasceste e é tão bom saber e sentir que tudo vale a pena quando se tem pessoas como tu a atravessar-nos os caminhos. E que a melhor lição de vida que te podia dar é a de amar sempre incondicionalmente, a de agarrar os sonhos com unhas e dentes e transformá-los em realidade, a de batalhar pela nossa identidade. Olho para ti e chamo por uma estrela que está no céu a guiar os teus caminhos com toda a certeza com o coração tão leve e ao mesmo tempo tão cheio quanto o meu.
Que bom que és e serás sempre um bocadinho minha – que sorte eu tenho!
Parabéns meu doce amor!!
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