Num reino que é só meu, esperaria a tua chegada e cobrir-te-ia com um manto vermelho, cor do sangue que me ferve nas veias quando os olhos posam em ti.
Fascinante sensação essa! Coroar-te-ia com pétalas cheirosas e macias, retiradas do amor sentido no âmago do meu ser. E depois de ficar em contemplação ao objecto do meu amor, da minha paixão louca e incontrolável, sentava-te num trono robusto, pronto a tudo aceitar e tudo desejar! Num reino encantado em que somos reis, no nosso canto sossegado, onde a única batalha é por desejo de paixão e loucura, seríamos felizes. E, somos realmente felizes por mais pequenos que sejam esses momentos encantados... Hoje, em dia de Reis, fizeste-me sentir a tua rainha, na maciez da voz doce com que me falas sempre. Serás meu rei por quanto tempo mais? E eu? Serei a tua rainha por quanto mais tempo? Para sempre que é esse o nosso tempo! Cinco da manhã. Os olhos abrem-se inundados de um silêncio aterrador. Um frio a percorrer a espinha e os sonhos tomados de sombras escuras e emoções tão fortes; capazes de fazer escorrer das mãos um suor frio e viscoso.
Lá fora a felicidade do chilrear dos pássaros que parecem adorar o silêncio e o escuro da madrugada. Saltam livre e alegremente de galho em galho nas árvores totalmente despidas. Bebo um copo de leite, na esperança que o líquido branco e morno me aqueça a alma o suficiente, para tirar de mim esta sensação dura e malévola de um pesadelo horrendo e com cheiro a morte que não quero que se entranhe em mim. No peito trago cravado um punhal afiado, que me dificulta a respiração e carrega consigo uma dor que me atravessa o externo imobilizando-me os movimentos, impedindo-me de respirar normalmente. Quero gritar! Gritar até sentir que existe vida neste silêncio aterrador! Gritar para expulsar de mim esta dor que sinto, de algo que só aconteceu nos meus sonhos mas que é tão verdadeira! |
Telma Correia FariaBrincar com as palavras, atá-las umas às outras e deixar o coração falar! Arquivo
February 2015
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